Obrigado, Felipão!

Obrigado, Felipão!

Data da Postagem: 15/11/2022

O último final de semana reservou um momento histórico para o nosso futebol, a aposentadoria do maior treinador brasileiro nos últimos trinta anos, o eterno ídolo tricolor Luiz Felipe Scolari.

Felipão dirigiu o Grêmio por 384 vezes, sendo o segundo treinador que mais comandou o Tricolor, conquistando a América (1995), o Brasileiro (1996), a Copa Do Brasil (1994), a Recopa Sul-Americana (1996), e sendo também tricampeão Gaúcho (1987, 1995 e 1996).

A importância de Felipão para o futebol nacional é tamanha, que ao longo de toda a sua trajetória profissional, o treinador foi personagem principal nos times que comandou, superando inclusive os atletas que geralmente recebem maior reconhecimento por parte da torcida e da imprensa: como naquele Grêmio vencedor e caricato dos anos 90; que para muitos ficou conhecido como “o Grêmio do Felipão”; ou até mesmo na seleção brasileira que, sob o seu comando, se tornou a “família Scolari”.

Aliás, Felipão também se tornou sinônimo de um modelo de jogo, e sobretudo a imprensa do centro do país ficou incomodada com o “estilo Felipão” que levou o Grêmio a conquistar tudo nos anos 90, se valendo de um futebol aguerrido e de muita força, que contrastava com o mito de que o futebol no Brasil deveria ser harmonioso e plasticamente bem jogado.

Para a tristeza de nós gremistas, mais tarde Felipão foi treinar o Palmeiras e provar todo o seu repertório e competência ao centro do país, novamente saindo vitorioso e se projetando para mais tarde assumir a seleção brasileira.

Na seleção, Felipão deu ao país o único título que não conseguiu conquistar conosco e seguiu elevando a imagem do Grêmio ao redor do mundo, afinal era um gaúcho e gremista que representava nosso país, conquistando o título mais cobiçado por todo o planeta.

Torcer para o Felipão, mesmo longe do Grêmio, foi um exercício comum a todo gremista desde a primeira vez que ele deixou o clube, pois aonde quer que ele estivesse havia um sentimento de carinho e representatividade.

Assim foi quando Felipão treinou a seleção portuguesa e todos os gremistas torceram pelo seu sucesso na Copa do Mundo de 2006, inclusive torcendo mais pela seleção portuguesa do que pelo próprio Brasil, ou até mesmo nesta última temporada, em que todos nós gremistas queríamos ver Felipão encerrando sua carreira com uma conquista no Athletico Paranaense.

Nos momentos difíceis, nós gremistas também sofremos com o Felipão!

Todo o gremista queria abraçá-lo em 2014, após o inimaginável 7x1 sofrido para a Alemanha numa Copa do Mundo disputada no Brasil. E foi o que fizemos quando, menos de um mês após a derrota, o recebemos como treinador do Grêmio.

Infelizmente não tivemos as mesmas conquistas dos anos 90, mas pudemos contribuir mutuamente para que ambos pudessem retomar a sua grandeza pouco tempo depois: Felipão sendo campeão nacional mais tarde no futebol chinês e, posteriormente, no Palmeiras. E nós, gremistas, conquistando a Copa do Brasil e a Libertadores com outro ídolo, Renato Portaluppi, e alguns jogadores comandados anteriormente por Scolari.

A última passagem pelo Grêmio é a mais dolorosa, mas ao mesmo tempo simboliza a empatia presente na relação entre clube e treinador, pois chamado às pressas para socorrer o clube à beira do rebaixamento, Felipão voltou sem titubear se a possibilidade de rebaixamento poderia trazer alguma mancha na sua biografia com o clube. No entanto, lamentavelmente, não lhe foi dada a oportunidade de tentar concretizar o desafio que lhe foi imposto, sendo desligado antes, faltando 15 rodadas para o final do campeonato.

Felizmente, meses antes ainda de ser contratado, nós do Movimento Grêmio Vencedor - MGV tivemos a honra de propor a indicação de seu nome à Calçada da Fama do Grêmio, como uma forma de agradecimento aos longos serviços prestados ao clube, imortalizando em nossa galeria de ídolos aquele que é o maior treinador da história do clube.

Felipão marcou época, revolucionou o futebol brasileiro, jogou na base da força quando esta era a melhor estratégia, mas soube também ser versátil e apresentar um futebol bonito quando necessário, como na seleção brasileira, encantando de ambas as formas e ganhando prestígio mundial.

A nós, torcedores, fica a eterna gratidão a este gremista incansável que tantas alegrias nos deu e que agora seguirá sua carreira numa outra função. E o desejo de que, num futuro breve, possamos nos reencontrar novamente!

Muito obrigado, Felipão!

Por Joel Machado, conselheiro do Grêmio e um dos coordenadores do MGV